terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nosso amigo Woody

"Generosas e sublimes, se por sublime entendermos tudo aquilo que aterroriza o fundo mais fundo das nossas certezas. E se Dostoievski estiver errado? E se o crime não implica necessariamente um castigo? E se a "consciência", como Nietzsche afirmava, é um anacronismo da civilização judaico-cristã para aprisionar os homens num mundo sem Deus? "Crimes e Pecados" é um anti-Dostoievski por excelência. Imagino título de primeira página: "Amante mata amante". E o lead: "Mas descobre que o ato não pesa na consciência". Assustados? Eu fiquei. Quando assisti pela primeira vez a "Crimes e Pecados", senti todas as certezas a ruir com o passar do filme. A minha alma é como o rosto de Martin Landau: consumida pela culpa, no início; liberta de qualquer culpa, no final. Ou quase. A natureza subversiva do filme é a única culpa a que não podemos escapar."
Trecho de um texto de João Pereira Coutinho escrito em 2005. A matéria inteira vale muito a pena ser lida.
Paulinho Moska falando por mim:
Tudo se compõe, e se decompõe/A velocidade que emociona/É a mesma que mata/O sorriso antigo agora/É lágrima barata/A vida não pede licença/E muito menos desculpa/O perdão é que possibilita/O nascimento da culpa/
(Jardim do silêncio)
Ao som de: Cheio de Vazio - Paulinho Moska