sábado, 26 de setembro de 2009

pra não perder mais

É bem difícil achar posts no blog do Domingos Oliveira, não tem tags, não tem nenhuma divisão por tempo, nem nada. Eis a razão deste post: quando eu precisar desse trecho, basta eu recorrer a mim mesmo hehe :)

Por que dói tanto quando o amor acaba? Por que é tão triste? Por que é inaceitável? Nenhum raciocínio ou vivência autorizou a crença de sua perenidade? Por que afinal nos dilaceramos? Ah, a dor do amor. É mais que uma angústia. É uma febre, uma desidratação. Poucas coisas são tão tristes quanto o fim de um grande amor. Talvez nem o fim da vida seja tão triste. E o que dói? Onde dói? Dói por não ser mais o que era. Dói por tudo que poderia ser, se ainda fosse, mas não será jamais. Dói a perda da paixão, única moeda cósmica que temos a nossa disposição. Porém, acalmemos. Deve haver um motivo objetivo para tanta dor. Examinemos metodicamente uma a uma as perdas.
O que se perde quando é perdido um amor? Talvez a moeda cósmica? Não, não deve ser isso. Todos os homens sofrem separações e nem todos se importam com o cosmos.
A perda do objeto sexual? Também não deve ser isso. Há muitas Marias para cada João.
Qualquer coisa ligada a ciúme de terceiros? Mas há separações que não envolvem terceiros, nem por isso deixam de ser sofridas.
Tão pouco são razoáveis as explicações psicológicas, quebra da fantasia, falência de um investimento sentimental ou qualquer coisa desse tipo. Mas também não é isso. Homens maduros, estudiosos, que certamente ultrapassaram esse tipo de acontecimento psicológico também sofrem como cães envenenados.
Aprofundemos essa espiral.
Talvez o horror da solidão quando convivemos muito com a pessoa amada, perdemos totalmente a noção de como somos sós no mundo. Nossa íntima alegria ou dor é compartilhada, ganhamos um ouvinte interessado e perder isso, convenhamos, é perder muito.
Talvez o medo da liberdade, citando Dostoievski, meu caro companheiro desde a adolescência, “Não há nada que o homem deseje mais do que a liberdade, nem nada que lhe seja tão doloroso”.

(08/07/2009)

sábado, 12 de setembro de 2009

Meu lado direitista

Aiai eu perco a conta de quantas vezes ao dia eu falo "se tem uma coisa que me irrita é ____". Era bem assim que eu ia começar esse post, mas daria uma falsa impressão de que isso é uma das poucas coisas que me tira do sério. Enfim, uma coisa que me irrita é pessoas que acreditam na aplicação do socialismo na sétima arte. Discursos como "fazer cinema é fazer arte" quase me tiram o ar. Não dá, não dá para acabar com as classes e colocar todos os filmes no mesmo patamar. Me recuso a concordar com alguém que diz que Um morto muito louco é arte assim como Persona.
Há dois tipos de cinema, o cinema-produto e o cinema-arte. Existem filmes que visam o lucro e a abstração, e outros que visam o lucro e a qualidade. E isso sem querer desmerecer um em vista do outro, cada um atende àquilo que se propõe a ser. Um bom blockbuster merece seus créditos, assim como um filme cult ruim merece suas vaias.

Reforçando o começo do post, outra coisa que me enerva é gente que coloca, não só os filmes, como também os diretores no mesmo nível. A criatura discorre: "um diretor foda pode fazer um filme ruim, assim como um diretor iniciante pode fazer um filme maravilhoso, conclui-se que os dois competem igualmente". Quando Truffaut e sua trupe propoem o cinema de autor (quando o diretor participa de todas as etapas de seu filme e possui um estilo próprio e original) e afirmam que tudo que advém dessa personalidade é bom, há de se questionar se esse é o único critério a ser levado em consideração na hora de fazer uma análise crítica. Não concordo que se o filme é de tal diretor ele necessariametne vai ser bom, mas se o cara já provou por A+B no conjunto de suas obras que é um gênio, é natural esperarmos mais dele do que dos demais, é natural afirmarmos que seus piores filmes ainda são melhores do que 80% do que é produzido, já que anualmente se produz muita merda. De novo: não que eu concorde com essa radicalidade proposta pela nouvelle vague, mas é necessário firmar e admitir que existe sim um diferencial.