sábado, 10 de abril de 2010

Mal amadas? Será?

Quando Lily Allen fez seu show na Via Funchal em setembro do ano passado, o que me chamou atenção foi o preço das entradas, que variava entre R$180 para pista normal e R$280 para pista premium. Mas isso não pareceu intimidar seus fãs, que compareceram em peso e fizeram com que a cantora desabafasse em seu twitter: "Sao Paulo, best gig ever".
It's not me, it's you, seu segundo álbum lançado em 2008-09, já vendeu mais de 3 milhões de cópias. Qual será o segredo da turnê?
Bom, espaço para música pop nesse mundo sempre se arruma, só que o pop sexy está meio fora de moda. O que fazer? Lily soube bem aproveitar a deixa e o uniu ao seu jeito desleixado e debochado.
Em seu último disco, a inglesa se mostra desiludida e entediada com os rumos da vida e do mundo. Mas suas melodias nada tem de melancólicas. Lily sabe cantar docemente os desencantos, como nos versos de 22: There's nothing to do and there's nothing to say/Til the man of her dreams comes along picks her up and puts her over his shoulder/It seems so unlikely in this day and age.
The Fear, o primeiro single do álbum, pode ser a trilha sonora de muitas jovens, cansadas de suas próprias futilidades adolescentes.
Mas boa parte do público da inglesa está ali para cantar outro tipo de hino: o it's not me, it's you! Elas cansaram de se culpar, de procurar defeitos nelas mesmas, o problema está em você, menino bobo! Yeah, girl power do século XXI!
Agora é pura especulação hein, mas não duvido que 67% de seu público seja do sexo feminino e que 65,3% da mulherada esteja na fossa. Quer dizer: estavam! Com a Lily elas superaram, pois agora sentem alívio por estarem solteiras: Since you've gone I feel like I've gotten older/And now you've gone it feels as if the whole wide world is my stage/And now you've gone it's like I've been let out of my cage (I could say). O tempo e a distância também ajudaram-nas a perceber que there's nothing cool about you at all. Liberdade, enfim!
Não sei bem quais os estágios da fossa, mas fazer piada do sexo masculino com certeza é parte do processo, e o que seria Not Fair senão uma satisfação imensa disfarçada no cantar a injustiça que é ter um homem "quase" perfeito. Tudo ia bem, o cara era um fofo, maduro, carinhoso, bonito, porém, e que porém...: he never makes me scream! It's not fair! Pegar no ponto fraco, boa sacada, Lily.
E o show? Consigo imaginar as ex-sofredoras gritando, a plenos pulmões, "Fuck you, very, very much!" para todos os homens que as machucaram, pouco se importando se a composição foi feita para o George W. Bush.
E, coincidência ou não, Lily e seu namorado terminaram em 2008.
Parece patético? Coisa de mal amada? Só se for levado a sério, o que nem a própria Lily Allen faz.

Mal amada também muitos disseram sobre a artista francesa Sophie Calle após sua mais recente (mas nem tão recente assim) exposição Cuide de você. Para quem não lembra, Grégoire terminou com Sophie por email, concluindo a carta com um Prenez soin de vous (se cuide). A artista, desolada, resolveu seguir o conselho e fez da fossa sua inspiração: mostrou o email para 107 mulheres interpretarem da forma que lhes conviesse e dessas interpretações a francesa tiraria criatividade para fotos e performances que fariam parte de sua exposição.
"Puro revanchismo", afirmam uns. Porém, nada tem de vingança, nem de irritabilidade e, acredite, de cômico. O que se pôde notar no Sesc Pompeia em São Paulo é que era um espaço bastante tranquilo, onde se podia observar fotografias profissionais (fenômeno atípico da artista, inclusive) e performances e danças exibidas em teves de altíssima tecnologia.
Sophie Calle sempre optou pelo inusitado e foi reconhecida pela originalidade (a fotógrafa que seguiu um estranho pela Europa e também foi seguida enquanto fotografava - tudo amador), e assim é Cuide de você.
Um guia da exposição perguntou a mim e as minhas amigas se achávamos a manifestação feminista ou feminina. Todas responderam feminina. Não é rancor que vemos ali, não há intenção de juntar mulheres para exterminar os homens do mundo. Não estamos ali sequer para interpretar a carta ou a atitude da fotógrafa. É feminina porque compreendemos sua dor bem mais que os homens, é óbvio. Mas o essencial mesmo é a sensibilidade, e isso independe de sexo.
A polêmica da obra de Sophie foi uma das chaves para o seu sucesso de público, mas também limitou os questionamentos a por quês irrelevantes e conduziu julgamentos mais do que desnecessários.
Mas ok, já passou, o ex casal já até participou da Flip, sem maiores constrangimentos.
E falando em Flip, o que será dessa sem Sophie&Grégoire e Chico Buarque? Temo pelos pobres iraniana e israelense.

Ao som de: Please, please, please, let me ge - The Smiths

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Coelhinho apareceu em 2010 :)

Meu pai é bem engraçado. Ficou uns bons anos sem me dar ovo da páscoa e eu já havia me conformado. Mas eis que 2010 me reserva boas surpresas (já falei que esse é o meu ano? haha) e tive uma surpresinha nesse domingo de abril: um ovo. da hello kitty. que vem com brinquedinho. que tive que tirar foto pra por aqui hahaha (alguém arruma alguma coisa pra eu fazer? socorro)

(tem um negócio ali atrás que vc gira pra dar corda pro bambole ficar girando)
:D

***

Estou um pouco receosa com o próximo filme do Woody Allen. O que ele quer da Carla Bruni, afinal? Tá certo que ela tem uma voz deliciosa e é linda, mas desconheço seu talento como atriz. Fico entre a possibilidade de ela surpreender e a de ser mais um filme mediano do diretor. Acabo pendendo pra segunda :/. Sei que posso estar sendo injusta, mas dizem que é sempre bom desconfiar (ou, pelo menos, confiar desconfiando). Sobre o roteiro, por enquanto é só mistério. Um outro filme dele que tem previsão de lançamento pra outubro desse ano (nos EUA, claro) é o You Will Meet a Tall Dark Stranger, uma comédia romântica com o Antonio Banderas. O Whatever Works, estreado em 2009, pasme!, nem chegou em Bauru, e até agora não me animei a baixar. Acho que cansei um pouco.

Cansada também já estou de Alice do Tim Burton. É overdose de Alice: livrarias, revistas, rodinhas de conversa (sendo nesse caso pura especulação, o que é também uma chateação)... Até lembraram que um tal de Dali ilustrou uma versão do livro hehe (algumas aqui). Tenho vontade de bater o pé e nem ir ao cinema, mas filmes assistíveis são raros por aqui e preciso deles como pretexto pra comer pipoca hehe. E além disso tenho que prestigiar o Johnny (L). Maaas isso não é um pré julgamento, é uma falta de entusiasmo. Quando o filme estrear em Bauru, eu, minha pipoca e minha coca cola estaremos na fileira 9 do multiplex. Aí se eu tiver alguma coisa pra falar sobre ele em si, eu falo.

domingo, 4 de abril de 2010

Ando chatinha...

...meio perdida num vácuo entre um passado e um futuro, que não é amanhã, nem depois, tá tão longe e tão incerto que nem deveria valer a pena ansiar assim por ele. Fico procurando razões fora de mim, fora do meu espaço. Acho que não é bem por aí. Uma vez assisti House e uma paciente disse a ele um lance batido na teoria, mas que acaba sendo meio difícil de por em prática: a vida é feita de quartos e das pessoas que estão ali dentro naquele momento.

Sei lá por que senti vontade de ler Rubem Alves hoje e encontrei ele citando Bernardo Soares:

Fui viajar. É bom visitar outros lugares, ver coisas diferentes, ter novas experiências. Viajei leve, pouca bagagem. Mas os meus pensamentos foram comigo. Gostaria de tê-los deixado em casa, para ver se eu mudava de assunto, se eu ficava diferente. Mas não há jeito de deixá-los em casa. Disse o Bernardo Soares: “De que me adianta ir até a China se não consigo desembarcar de mim mesmo? Quem cruzou todos os mares cruzou somente a monotonia de si mesmo. As viagens são os viajantes. A vida é o que fazemos dela. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos."