Quando Lily Allen fez seu show na Via Funchal em setembro do ano passado, o que me chamou atenção foi o preço das entradas, que variava entre R$180 para pista normal e R$280 para pista premium. Mas isso não pareceu intimidar seus fãs, que compareceram em peso e fizeram com que a cantora desabafasse em seu twitter: "Sao Paulo, best gig ever".
It's not me, it's you, seu segundo álbum lançado em 2008-09, já vendeu mais de 3 milhões de cópias. Qual será o segredo da turnê?
Bom, espaço para música pop nesse mundo sempre se arruma, só que o pop sexy está meio fora de moda. O que fazer? Lily soube bem aproveitar a deixa e o uniu ao seu jeito desleixado e debochado.
Em seu último disco, a inglesa se mostra desiludida e entediada com os rumos da vida e do mundo. Mas suas melodias nada tem de melancólicas. Lily sabe cantar docemente os desencantos, como nos versos de 22: There's nothing to do and there's nothing to say/Til the man of her dreams comes along picks her up and puts her over his shoulder/It seems so unlikely in this day and age.
The Fear, o primeiro single do álbum, pode ser a trilha sonora de muitas jovens, cansadas de suas próprias futilidades adolescentes.
Mas boa parte do público da inglesa está ali para cantar outro tipo de hino: o it's not me, it's you! Elas cansaram de se culpar, de procurar defeitos nelas mesmas, o problema está em você, menino bobo! Yeah, girl power do século XXI!
Agora é pura especulação hein, mas não duvido que 67% de seu público seja do sexo feminino e que 65,3% da mulherada esteja na fossa. Quer dizer: estavam! Com a Lily elas superaram, pois agora sentem alívio por estarem solteiras: Since you've gone I feel like I've gotten older/And now you've gone it feels as if the whole wide world is my stage/And now you've gone it's like I've been let out of my cage (I could say). O tempo e a distância também ajudaram-nas a perceber que there's nothing cool about you at all. Liberdade, enfim!
Não sei bem quais os estágios da fossa, mas fazer piada do sexo masculino com certeza é parte do processo, e o que seria Not Fair senão uma satisfação imensa disfarçada no cantar a injustiça que é ter um homem "quase" perfeito. Tudo ia bem, o cara era um fofo, maduro, carinhoso, bonito, porém, e que porém...: he never makes me scream! It's not fair! Pegar no ponto fraco, boa sacada, Lily.
E o show? Consigo imaginar as ex-sofredoras gritando, a plenos pulmões, "Fuck you, very, very much!" para todos os homens que as machucaram, pouco se importando se a composição foi feita para o George W. Bush.
E, coincidência ou não, Lily e seu namorado terminaram em 2008.
Parece patético? Coisa de mal amada? Só se for levado a sério, o que nem a própria Lily Allen faz.
Mal amada também muitos disseram sobre a artista francesa Sophie Calle após sua mais recente (mas nem tão recente assim) exposição Cuide de você. Para quem não lembra, Grégoire terminou com Sophie por email, concluindo a carta com um Prenez soin de vous (se cuide). A artista, desolada, resolveu seguir o conselho e fez da fossa sua inspiração: mostrou o email para 107 mulheres interpretarem da forma que lhes conviesse e dessas interpretações a francesa tiraria criatividade para fotos e performances que fariam parte de sua exposição.
"Puro revanchismo", afirmam uns. Porém, nada tem de vingança, nem de irritabilidade e, acredite, de cômico. O que se pôde notar no Sesc Pompeia em São Paulo é que era um espaço bastante tranquilo, onde se podia observar fotografias profissionais (fenômeno atípico da artista, inclusive) e performances e danças exibidas em teves de altíssima tecnologia.
Sophie Calle sempre optou pelo inusitado e foi reconhecida pela originalidade (a fotógrafa que seguiu um estranho pela Europa e também foi seguida enquanto fotografava - tudo amador), e assim é Cuide de você.
Um guia da exposição perguntou a mim e as minhas amigas se achávamos a manifestação feminista ou feminina. Todas responderam feminina. Não é rancor que vemos ali, não há intenção de juntar mulheres para exterminar os homens do mundo. Não estamos ali sequer para interpretar a carta ou a atitude da fotógrafa. É feminina porque compreendemos sua dor bem mais que os homens, é óbvio. Mas o essencial mesmo é a sensibilidade, e isso independe de sexo.
A polêmica da obra de Sophie foi uma das chaves para o seu sucesso de público, mas também limitou os questionamentos a por quês irrelevantes e conduziu julgamentos mais do que desnecessários.
Mas ok, já passou, o ex casal já até participou da Flip, sem maiores constrangimentos.
E falando em Flip, o que será dessa sem Sophie&Grégoire e Chico Buarque? Temo pelos pobres iraniana e israelense.
Ao som de: Please, please, please, let me ge - The Smiths
It's not me, it's you, seu segundo álbum lançado em 2008-09, já vendeu mais de 3 milhões de cópias. Qual será o segredo da turnê?
Bom, espaço para música pop nesse mundo sempre se arruma, só que o pop sexy está meio fora de moda. O que fazer? Lily soube bem aproveitar a deixa e o uniu ao seu jeito desleixado e debochado.
Em seu último disco, a inglesa se mostra desiludida e entediada com os rumos da vida e do mundo. Mas suas melodias nada tem de melancólicas. Lily sabe cantar docemente os desencantos, como nos versos de 22: There's nothing to do and there's nothing to say/Til the man of her dreams comes along picks her up and puts her over his shoulder/It seems so unlikely in this day and age.
The Fear, o primeiro single do álbum, pode ser a trilha sonora de muitas jovens, cansadas de suas próprias futilidades adolescentes.
Mas boa parte do público da inglesa está ali para cantar outro tipo de hino: o it's not me, it's you! Elas cansaram de se culpar, de procurar defeitos nelas mesmas, o problema está em você, menino bobo! Yeah, girl power do século XXI!
Agora é pura especulação hein, mas não duvido que 67% de seu público seja do sexo feminino e que 65,3% da mulherada esteja na fossa. Quer dizer: estavam! Com a Lily elas superaram, pois agora sentem alívio por estarem solteiras: Since you've gone I feel like I've gotten older/And now you've gone it feels as if the whole wide world is my stage/And now you've gone it's like I've been let out of my cage (I could say). O tempo e a distância também ajudaram-nas a perceber que there's nothing cool about you at all. Liberdade, enfim!
Não sei bem quais os estágios da fossa, mas fazer piada do sexo masculino com certeza é parte do processo, e o que seria Not Fair senão uma satisfação imensa disfarçada no cantar a injustiça que é ter um homem "quase" perfeito. Tudo ia bem, o cara era um fofo, maduro, carinhoso, bonito, porém, e que porém...: he never makes me scream! It's not fair! Pegar no ponto fraco, boa sacada, Lily.
E o show? Consigo imaginar as ex-sofredoras gritando, a plenos pulmões, "Fuck you, very, very much!" para todos os homens que as machucaram, pouco se importando se a composição foi feita para o George W. Bush.
E, coincidência ou não, Lily e seu namorado terminaram em 2008.
Parece patético? Coisa de mal amada? Só se for levado a sério, o que nem a própria Lily Allen faz.
Mal amada também muitos disseram sobre a artista francesa Sophie Calle após sua mais recente (mas nem tão recente assim) exposição Cuide de você. Para quem não lembra, Grégoire terminou com Sophie por email, concluindo a carta com um Prenez soin de vous (se cuide). A artista, desolada, resolveu seguir o conselho e fez da fossa sua inspiração: mostrou o email para 107 mulheres interpretarem da forma que lhes conviesse e dessas interpretações a francesa tiraria criatividade para fotos e performances que fariam parte de sua exposição.
"Puro revanchismo", afirmam uns. Porém, nada tem de vingança, nem de irritabilidade e, acredite, de cômico. O que se pôde notar no Sesc Pompeia em São Paulo é que era um espaço bastante tranquilo, onde se podia observar fotografias profissionais (fenômeno atípico da artista, inclusive) e performances e danças exibidas em teves de altíssima tecnologia.
Sophie Calle sempre optou pelo inusitado e foi reconhecida pela originalidade (a fotógrafa que seguiu um estranho pela Europa e também foi seguida enquanto fotografava - tudo amador), e assim é Cuide de você.
Um guia da exposição perguntou a mim e as minhas amigas se achávamos a manifestação feminista ou feminina. Todas responderam feminina. Não é rancor que vemos ali, não há intenção de juntar mulheres para exterminar os homens do mundo. Não estamos ali sequer para interpretar a carta ou a atitude da fotógrafa. É feminina porque compreendemos sua dor bem mais que os homens, é óbvio. Mas o essencial mesmo é a sensibilidade, e isso independe de sexo.
A polêmica da obra de Sophie foi uma das chaves para o seu sucesso de público, mas também limitou os questionamentos a por quês irrelevantes e conduziu julgamentos mais do que desnecessários.
Mas ok, já passou, o ex casal já até participou da Flip, sem maiores constrangimentos.
E falando em Flip, o que será dessa sem Sophie&Grégoire e Chico Buarque? Temo pelos pobres iraniana e israelense.
Ao som de: Please, please, please, let me ge - The Smiths